Eu fico com o amor.


Depois de tantas idas e vindas de pessoas e situações na minha vida, eu percebi que não tem outro jeito. Na vida, e não só no casamento, quando nos separamos de alguém, de algo ou algum lugar, também chega o momento da partilhar, de dividir. E eu, que sempre fico perdida nessas horas, sei o que me interessa, enfim.

Algumas pessoas passam por nossas vidas, em momentos tão difíceis, quando mais precisamos delas, e se mostram tão amorosas, tão presentes, tão importantes. E de fato, são. Só que algumas delas vão, simplesmente. Continuam sendo amadas, mesmo que tenha feito somente uma breve e bonita passagem por nossas vidas. É que algumas pessoas não encontram raízes. Outras firmam laços eternos, por mais que não estejam mais conosco no dia-a-dia, na rotina que tínhamos antes. Elas estão presentes, mesmo quando não as vemos durante muito tempo. São a extensão da gente, certeza em momentos incertos.

Finalmente, o que quero dizer é que percebi e entendi, sem aceitar totalmente, é claro, que para muitas pessoas eu vou ser apenas um sorriso, uma música, um ombro, um amor, um acorde, uma saudade, uma alegria, uma palavra, um momento, uma certeza de apoio a qualquer hora, pra qualquer coisa, uma presença confortante, ainda que silenciosa... Serei apenas pedaços de mim. E por menores que eles pareçam pra mim, por saber que eu tenho tanto pra dar, sei que somos do tamanho da necessidade do outro. Ou do tamanho que o outro nos permite ser...

Para pouquíssimas pessoas eu serei algo, além disso, para pouquíssimas eu serei eu mesma. Não porque eu me esconda, ou porque me guarde. E sim porque pouquíssimas pessoas estão dispostas a nos desvendar de verdade, e a se deparar com a verdade.
Pouquíssimas pessoas são de verdade, e se mostram de verdade.
Eu não tenho dúvida, e, lamento muito, pelo desperdício de nós mesmos. Porque não aceitamos as imperfeições dos outros, ou ainda, não sabemos lidar com as diferenças. Falamos da verdade, mas não queremos lidar com ela. Hipócritas que somos. Loucos que somos. Onde já se viu... Desperdiçar tempo, vida, pessoas?!

É por isso que escrevo independente da decisão que você tome, para encontrar uma forma de dizer: que ainda que eu esteja em silêncio, não significa que eu concorde, que eu aceite, que eu tenha mudado. Significa sim, que ainda que eu esteja ferida, o que é inevitável, também sou gente, eu escrevo pra dizer que sou a mesma, exatamente aquela que você conhece que vive mudando, mas que por ser transparente, não sabe ser de outra forma, senão de verdade.

Perdão pela parte que me cabe, perdão pela minha mania de levar o amor sempre tão a sério. É que de tudo o que me resta, entre ficar com medo, com saudade, com mágoa e afins, eu fico com o amor. Não porque eu seja nobre, mas porque o resto não me interessa, é pesado demais pra mim.

Um comentário:

  1. Muito bom, só que ja faz tempo esse post.
    Despois que a Sonia saiu parece que
    o blog acabou... muito triste.
    Espero que vc continue...

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